MR: 10 anos de estrada é um bom tempo. Você poderia nos dizer como tudo começou?
CV: Bem, eu nasci em Santa Quitéria com 2 anos de idade fui morar em Monsenhor Tabosa, e aos 16 vim morar em Fortaleza.
MR: Seus familiares também eram ligados ao ramo de motos?
CV: Não, pelo contrário, lá em casa ninguém queria saber desse negócio de motos não. O meu pai tinha uma farmácia e todos da família são ligados na área de saúde, exceto eu.
MR: E por que você seguiu por esse caminho?
CV: Quando morava em Monsenhor Tabosa, acho quem 1982, eu andava de bike, mas de olho nas motos, tinha vizinho e grande amigo do meu irmão, o Edmar, que tinha uma DT 180, ele andava muito bem, eu ficava fascinado só em ver aquela moto, queria ter uma de qualquer jeito, e o pior é que no ano seguinte ele comprou uma XL250 zerada. Eu lembro bem quando ele chegou com ela na carroceria de um caminhão e desceu pilotando, nunca esqueci daquela cena. Foi ele que me ensinou a pilotar.
MR: E quando você comprou a sua primeira moto?
CV: Vim para Fortaleza em 1986 e comecei a trabalhar em uma farmácia, fiz economias e, em 1989, comprei uma RDZ 125cc 83. Fooi através dela que conheci o Cláudio Ceará.
MR: Como assim?
CV: Quando tinha as corridas em Caucaia, em 1987/88, na pista de Jenipabu, eu ia de bicicleta assistir e via o Cláudio, Russo, Teodorico, Cival e o Daniel de Acaraú correndo, era fantástico, só vendo. Em 89 comprei essa RDZ, e, como eu andava muito na praia, ia do Icaraí até o Paracuru pela beira da praia, ela acabou travando e um tio meu me indicou a oficina do Cláudio. Quando cheguei lá e vi que era ele, vibrei muito, fiquei enchendo o saco dele com perguntas sobre corridas e mecânica. Ele consertou a minha moto e disse que já que eu gostava de andar na areia deveria comprar uma DT 180. E foi o que eu fiz.
MR: E quando você decidiu a ser mecânico e ter sua própria oficina?
CV: Isso aconteceu aos poucos, com as dicas do Cláudio eu comecei a mexer na minha moto e uma vez emprestei a minha moto a um amigo para ele correr e ele ficou maravilhado com a minha moto e que não queria mais devolver, eu disse a ele que não venderia a moto, mas poderia “regular” a moto dele. Como a minha mãe não deixava eu consertar as motos lá em casa eu comecei a ir à casa dos “clientes”. Com isso comecei a juntar um dinheirinho e a comprar mais ferramentas. Lá em casa a pressão era muito grande para que eu largasse das motos, pois para eles era coisa de malandro. Tudo mudou quando sofri um acidente de moto grave, mas que também me trouxe coisas boas, passei um bom tempo em casa, com isso meus amigos (nunca imaginei que tinha tantos) iam me visitar sempre e isso fez com que minha família mudasse a visão sobre motociclista. Um pouco antes de eu decidir abrir a minha oficina, eu trabalhava na Emlurb, lá era muito bom por causa do horário, quando falei que ia largar o aquele emprego, todos achavam que eu estava louco. Isso foi no final de 1988, abri minha oficina lá na Av. Mister Hull, o nome era “Moto Racer”
MR: E o seu contato com o pessoal da KTM como foi?
CV: Também através do Rômulo, quando fui para o “Independência”, ele me apresentou ao Valdir Siqueira que é o proprietário da KTM Brasil. O Rômulo me disse que se eu quisesse trabalhar com eles (KTM) teria que me estruturar, ter paciência e persistência, pois a KTM é uma empresa muito organizada, e que eles iriam observar por um bom tempo nosso trabalho, depois conheci o Marcelo Bombana (Motul Racing Lub) que também me ajudou bastante com a KTM. Aos poucos fui melhorando nossa estrutura e o relacionamento com eles, sempre quando ia ao salão Duas Rodas em SP, passava na KTM para ver como era feita a manutenção das motos. No salão de 2007, fechamos parceria e hoje somos Assistência Técnica Autorizada KTM!
MR: Fale-me do seu contato com o Sandro Hoffman, como começou a parceria de vocês?
CV: Sempre buscamos parcerias no intuito de aprender e melhorar, nos encontramos no Salão de 2005, perguntei como era o esquema dele no Cerapió, e da possibilidade dele correr pela CV Racing. Ele aceitou o convite e está na equipe até hoje. Tivemos também outros pilotos (Zanol, Luiz Borim, Russo, Marco Aurélio, Robledo Nicoleti, Herculo Onofre, Helandio Onofre, Eduardo Costa...) em nossa equipe que nos ajudaram a crescer e conquistaram muitos títulos tanto no estadual como no brasileiro e ainda ajudam no nosso crescimento, também sempre buscamos parcerias com a federação e organizadores de eventos. Com eles aprendemos muito e esperamos estar colaborando também com o crescimento do esporte e de todos.
MR: E na loja?
CV: Por aqui estamos procurando sempre melhorar. Ampliamos nosso quadro de funcionários, pois Identifiquei que estava acumulando muitas funções e agora posso ter uma melhor atenção aos clientes. Estamos completando 10 anos no final do ano. Quando começamos a meta era em 5 anos montar loja. Após isso a meta era ser assistência técnica de uma marca forte e também deu certo. Nossa meta no curto prazo é ampliar a boutique e vender motos off road novas/usadas nacionais e importadas. Tudo isso somente foi possível porque temos principalmente, alem da ajuda de parceiros e amigos, o apoio dos clientes com criticas construtivas. Também sempre tivemos profissionais que vestiram a camisa da empresa e correram atrás para que isso se tornasse realidade. A todas essas pessoas sou eternamente grato, pois tornaram reais os meus sonhos e me mantém sempre motivado a fazer o que mais gosto na vida.
Claudio, parabes e muitos anos de motos pra vc!!!
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